Ao ler o livro Ribatejo Histórico
Monumental deparei-me com um assunto, do qual nunca tinha prestado a devida
atenção, mas agora (se calhar por ter sentido o sismo de Arraiolos há bem pouco
tempo) achei interessante partilhar este dado sobre a minha terra natal. Mas
vai além deste facto, e que é também interessante, é ter havido na época um
inquérito ordenado pelo Marquês de Pombal, numa pesquisa online encontrei
também um blogue com a totalidade das perguntas feitas na altura, e passo a
transcrever:
"Perante o grau de destruição
produzido pelo grande terramoto, as medidas tomadas pelo Marquês de Pombal
demonstram a capacidade daquele político e a forma pragmática como encarou a
terrível catástrofe. Um inquérito à escala nacional foi por ele determinado. Um
formulário com 13 questões foi impresso com elevada tiragem e os exemplares
distribuídos pelas paróquias, pois sabia-se ser esta a forma mais expedita de o
fazer chegar a todas as partes. Eis as perguntas:
1º. – A que horas principiou o terremoto do primeiro de Novembro e que
tempo durou?
2º. – Se se percebeu que fosse maior o impulso de uma parte que de outra? Do
norte para sul, ou pelo contrário, e se parece que caíram mais ruínas para uma
que para outra parte?
3º. – Que número de casas arruinaria em cada freguesia, se havia nela edifícios
notáveis, e o estado em que ficaram.
4º. – Que pessoas morreram, se algumas eram distintas?
5º. – Que novidade se viu no mar, as fontes e nos rios?
6º. – Se a maré vazou primeiro, ou encheu, a quantos palmos cresceu mais do
ordinário, quantas vezes se percebeu o fluxo, ou refluxo extraordinário e se se
reparou, que tempo gastava em baixar a água, e quanto a tornar a encher?
7º. – Se abriu a terra algumas bocas, o que nelas se notou, e se rebentou
alguma fonte de novo?
8º. – Que providências se deram imediatamente em cada lugar pelo Eclesiástico,
pelos militares e pelos Ministros?
9º. – Que terremotos têm repetido depois do primeiro de Novembro, em que tempo
e que dano têm feito?
10º. – Se há memória de que em algum tempo houvesse outro Terremoto e que dano
fez em cada lugar?
11º. – Que número de pessoas tem cada Freguesia, declarando, se pode ser,
quantas há de cada sexo?
12º. – Se se experimentou alguma falta de mantimentos?
13º. – Se houve incêndio, que tempo durou, e que dano fez?
Extra – Se padeceu alguma ruína no terremoto de 1755 e em quê e se já está
reparado.
Considerando a época, dizem os
especialistas que este inquérito foi redigido de uma forma notável, procurando
com o seu leque de perguntas a obtenção de informações de tipo «macrosísmico»
como se faz com as escalas de danos desenvolvidas século e meio mais tarde e
que ainda hoje são as que vigoram, tais como a Escala Mercalli Modificada (IMM)
ou, a mais recente, a European Macroseismic Scale-98 (EMS-98). O grande geólogo
Luís Francisco Pereira de Sousa (1870-1931) usou os dados obtidos pelo
inquérito do Marquês para um estudo profundo sobre os danos previsíveis para
construções e monumentos. O sismo de 1909 em Benavente, obrigou os sismólogos a
estudarem de novo o grande terramoto de 1755." fonte:
https://aventar.eu/2010/01/28/o-grande-terramoto-de-1755/
O texto seguinte é retirado do livro Ribatejo Histórico Monumental de
Francisco Câncio, 1938, pág 249 e 250.
“Sobre os Casais ou Casais da Soana, diz a resposta ao inquérito do Marquês
de Pombal: Foy o terremoto... das 9 para as 10 horas da manhã duraria oyo ou
nove minutos e no mesmo dia ouve mais duos! ...E cahirão sinco cazas em o lugar
da Póvoa situada em huma continua penedia lugar de lemitados edifícios que
apenas tem algumas cazas com um sobrado como em toda a freguezia, por ser pobre
toda ella, ...Em toda a freguesia nao morreo pessoa alguma com o terremoto. E
no rio Nabão que devide esta freguezia se vio levantar fora do seu natural mais
de oyto palmos nas vizinhanças da milagrosa senhora das Lapas que he da mesma
freguezia e suas agoas correrão por alguns dias turvas, como todas as fontes da
mesma freguezia. Não houve incêndio. De 1 de Fevereiro de 1756. O Vigário, Frey
Patrício Duarte."
"Sobre Carregueiros refere o inquérito: O terramoto...principiou
pellas novas horas, e tres quatros, e durou oito minutos. «Não se percebeu, que
fôsse maior o impulso de huma parte, do que de outra, e não se sabe se cahirão
mais ruinas para huma parte que para outra. «Em esta freguezia não houve ruína
alguma de cazas, só sim a Igreja desta freguezia, que estava já algum tanto
arruinada, se arruinou agora muito mais, tanto que está especada, e incapaz de
em ella se celebrarem os officios divinos. «Não morreo de terremotos nesta
freguezia alguma. « Em huma fonte desta freguezia se turbou a agua, e parou
durante algum tempo a corrente. ....«Nesta freguezia de S. Miguel de
Carregueiros tem trezentos e quatro homens de Sacramento e 293 mulheres tãobem
de Sacramento. «Tãobem não houve incendio.«De 13 de Fevereiro de 1756. «O
Vigário, Francisco Freyre»
O Dicionário geográfico refere que
"He aldea do Termo da villa de Tomar na Comarca do mesmo nome=o principal
lugar entre os quatro, Pedreira, Prado, S. Simão e Carregueiros, que formão a
Parochia de S. Miguel, a quem Lima dá 162 fogos com 645 almas de communhão,
aonde porem Cardoso não achou mais de 32 fogos, e nenhum no Portugal sacro. « O
Parocho he vigário da appozentação dos Religiosos Cavaleiros da Ordem de
Cristo»"
http://www.travelandtaste.pt/-na-mala/o-terramoto-de-1755-em-video
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