"El-Rei D. José I, por Aviso da Secretaria de Estado de 2 de julho de 1772, mandou entregar à Junta do Comércio as Ferrarias do Prado, para nelas erigir uma Fábrica de Papel, o que (diz o documento donde isto transcrevi), até hoje (8 de novembro de 176), não teve efeito.
Depois, Francisco José, do lugar da Pedreira, pretendeu fazer nas mesmas ruínas uma Fábrica de Sedas; mas a Junta do Comércio, informada do Aviso de 1772, não lhe a licença.
Conhecedor do caso, Francisco de Roure e um tal Melo e Mouga, de quem nunca mais se fala, foram a Tomar examinar o local e, gostando dele, dirigiram-se a El-Rei a seguinte súplica:
«Francisco de Roure deseja fazer uma fábrica de papel: acha como sítio apropriado para a dita o local denominado Prado, próximo do rio Nabão.
Lugar em que, parece, em tempos mais remotos houve uma fundição de ferro por conta do Estado, da qual hoje (1822) só existem uns restos de paredes, a maior parte coberta de figueiras e mato, em total abandono, mas em que se podem aproveitar as águas do dito Rio, tanto para dar movimento às máquinas, como para a trituração da matéria prima, em razão de um açude que encaminha as ditas águas para aquele sítio, e que isso parece ter sido feito para serviço da mesma fundição da fábrica de ferro, visto esta achar já muito inutilizado, e sem proveito algum
a) Francisco do Roure e a)Luis de Sousa Melo e Mouga. s/data»
El-Rei, em 26 de novembro de 1822, mandou ao provedor da Comarca de Tomar para informar.
Não tenho informação do Dr. Francisco Fernando de Almeida Madeira, Procurador da Comarca de Tomar, mas parece que o requerimento foi, em parte deferido, pois Francisco de Roure arrematou (não aforou) por 110$000 réis os terrenos do Prado pertencentes às antigas Ferrarias, e que pertenciam à Intendência Geral de Minas, sendo a escritura de compra assinada a 9 de julho de 1823.
Mas, quem era Francisco de Roure?
Francisco de Roure era de origem irlandesa, filho de Pedro de Roure, católico irlandês que fugindo às perseguições dos protestantes ingleses se refugiou em França, onde casou com D. Maria Leonor Assolant, vindo depois para Portugal, onde se estabeleceu em Lisboa.
Pedro de Roure deve ter falecido por alturas de 1793, deixando a sua casa e sua mulher e filhos (Francisco e Mariana).
Francisco de Roure deixou a sociedade com sua Mãe em 1820, e estabeleceu-se por conta própria na Rua do Alecrim; por esta altura casou com D.Iria Pimentel Maldonado, de uma rica e nobre família tomarense; daí, talvez o seu interesse por Tomar e escolhe-la para montar uma fábrica.
Por provisão de 8 de maio de 1824, Francisco de Roure recebeu de El-Rei todas as graças, isenções e privilégios de que gozavam as fábricas similares.
A fábrica iniciou a sua laboração e prosperou de tal modo que em 22 de janeiro de 1826, o Juiz-de-Fora de Tomar, Dr. Tiago do Amaral (Juiz da Vila desde 1822) informou o Governo do seu bom estado de adiantamento.
Francisco de Roure pouco tempo esteve na sua administração, pois passou-a ao seu cunhado Silvestre Schiappa Pietra, casado com a sua irmã Mariana, ao tempo administrador da Fábrica de Fiação (1839).
Este Silvestre Schiappa Pietra nascera em Pernes (Santarém) em 10 de julho de1773, filho de Pedro Schiappa Pietra e de D. Gertrudes Clara do Sacramento Terrier. Pedro Schiappa Pietra era genovês, e viera para Portugal em 1765.
Silvestre Schiappa Pietra fora ao Rio de Janeiro montar uma fábrica por conta de Domingos Loureiro; regressado a Portugal em 1813, como sócio de Domingos Pereira, foi para a sua Fábrica de Tecidos de Alcobaça, primeiro como técnico, depois como sócio, que passou a funcionar sob a firma Loureiros & Pietra.
Casou cerca, cerca de 1814, com D. Mariana de Roure, como dissemos, de quem teve 4 filhos:
1º - Pedro de Roure Pietra, (1815-1874) que sucedeu na administração da Fábrica do Prado a seu tio Francisco, por delegação do seu pai; foi Vereador da Câmara Municipal de Tomar no biénio 1856-57, e seu Presidente em 1857.
fonte: 1907 https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPqy55mYd0xYU8YhOwAZiF2MkjJfsGHs71q-EgarXsxDrAqEo5KftbvcNIVvWxy9JHaP9z3koxOBPXgO9co7JphhJOP85mBSATogJgZq7NBocAesTcCPEZzHxIWGZ1srllaMMT1S2fqQY/s1600/ip07papel.jpg 12 de abril 2020
2º - D. Mariana Miquelina de Roure Pietra, (1817-1879) que deixou os seus interesses nas Fábricas de Papel do Prado e de Tecidos de Algodão de Tomar a sua irmã D. Maria Henriqueta.
3º - Henrique de Roure Pietra. Sucedeu a seu irmão Pedro na administração da Fábrica do Papel do Prado (1869). Foi Vereador da Câmara Municipal de Tomar nos biénios 1864-65 e 1868-69; como Vereador, contribuiu grandemente para o alargamento e embelezamento da Várzea Pequena.
4º - D. Maria Henriqueta de Roure Pietra de Oliveira. Casou com o professor de latim da Escola Secundária Municipal de Tomar João de Oliveira e Casquilho. Graças à herança dos seus pais e irmã D. Maria Miquelina, em 1890, seu marido pôde iniciar a construção da Fábrica de Papel da Matrena.
A Fábrica de Papel do Prado ficou em 1842 a D. Mariana de Roure Pietra e seus filhos, e girou sob a firma D. Mariana Roure Pietra & Filhos, que foram, sucessivamente, os do sexo masculino, seus administradores.
Em fevereiro de 1874 a fábrica empregava 173 operários, sendo 71 homens e 102 mulheres, provenientes da Pedreira e dos Casais.
Em 15 de julho de 1875 foi vendida à Companhia do Papel do Prado.
Em 29 de setembro de 1881 era seu administrador Jacinto Lopes Cartaxo.
Durante muitos anos da primeira metade deste Século foi seu administrador Francisco Viana de Lemos da Costa Salema.
fonte: OLISIPO nº17 Jan1942
Em 1903, tinha por motores uma turbina inglesa de 120 cavalos, uma máquina a vapor da força de 130 cavalos e outra de 30.
A produção diária dos maquinismos de fabricar papel orçava:
A do nº1, montada em 1901, 4.000 quilos, podendo atingir 5.000.
A do nº2, que data de 1893, regulava por 1.800 a 2.000 quilos, podendo ir até 2.500.
A da máquina de fazer almaço em folhas, variava de 600 a 800 quilos, mas podia dar mais.
A média diária das 3 máquinas era de 6.200 quilos, ou seja uma tonelagem anual de 2.250.
Em 1940 produzia, a baixa laboração, 3.000 toneladas de papel por ano, e empregava 450 operários.
fonte: http://www.lojasonline.net/sn/store/default.cfm?go=show&cat=269&id=253281 12 de abril 2020
Actualmente (1971), o seu Conselho de Administração é superiormente orientado pelo Administrador-Delegado, engenheiro Manuel Vitoriano embalagem, actualmente está orientada na produção especializada de papel kraft e cartolina Duplice (duplex).
Possui Serviços Médico-Sociais (Assistente-Social e Médicos de Trabalho, de Previdência e de Seguro).
fonte: OLISIPO nº32 Out 1945
Como vimos, já teve uma população fabril de 450 operário (1940); mas actualmente (1971), num considerável esforço de organização (Metodização, Mecanização, etc) labora com 210 empregados e operários, dos quais cerca de 160 do sexo masculino e 50 do sexo feminino."
Nota. Transcrição total de ..., não tenho momento referência qual a fonte pois tirei a informação há já alguns anos e não apontei a referência bibliográfica, logo que possa irei pesquisar na biblioteca (pois foi lá de certeza que tirei esta informação).
Nota. Transcrição total de ..., não tenho momento referência qual a fonte pois tirei a informação há já alguns anos e não apontei a referência bibliográfica, logo que possa irei pesquisar na biblioteca (pois foi lá de certeza que tirei esta informação).
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