domingo, 5 de maio de 2024

Os Canteiros e a extração da pedra na freguesia de Além da Ribeira e Pedreira

'Um canteiro é um artista que trabalha em cantaria. Trata-se de um pedreiro ou artífice que trabalha pedra de cantaria. Esta é uma pedra rija, grande e esquadrada, para construções.'

in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/pedreiro-vs-canteiro/36558 [consultado em 05-05-2024]

O Rancho Folclórico "Os Canteiros" da Pedreira (https://www.facebook.com/ranchofolclorico.pedreira) carateriza-se por ser uma associação com o intuito de divulgar as tradições, danças, gastronomia e o trajar do período 1890 a 1920. 

Na década de 90 o Rancho realizou algumas recriações, nomeadamente:  o trabalho do canteiro 

https://www.facebook.com/photo/?fbid=302399303185578&set=pb.100002465321634.-2207520000

O elemento do meio (Hugo Canha) está sentado no coxo: peça de madeira que para além de permitir servir de assento também era utilizado para o transporte de algumas ferramentas tais como a maceta, escopros, picões ...
Na fotografia temos à esquerda o Tó (António Anjos), o Sr. Jacinto (por trás), o Hugo Canha e o Sr. à direita já não me recordo o seu nome, mas muitos anos acompanhou o Rancho tocando reco-reco e deixou alguns ensinamentos sobre o trabalho do Canteiro.

Saiba mais em:

https://conheceralemdaribeirapedreiratomar.blogspot.com/2015/04/a-pedra-e-os-canteiros.html


Na ladeira das Taliscas podemos observar algumas marcas do corte feito na pedra a picão (PR1 "Vale do Nabão" Ficha Técnica: Execução artística: Hugo Brás Colaboração: Domingos Patacho jf-pedreira). 

No final da ladeira das Taliscas encontramos também uma buraca e um telheiro reconstruído onde muito provavelmente alguns dos Canteiros da Pedreira utilizaram para se abrigar.

Fotografia: Cristina Henriques 2020

Fotografia: Cristina Henriques 2020

No livro de Amorim Rosa História de Tomar I podemos confirmar de que a pedra para a construção do Castelo viria de várias pedreiras do Concelho nomeadamente da Pedreira.

Rosa, A. (1965). História de Tomar I. Tomar: Gabinete de Estudos Tomarenses.



Na Pedreira, a profissão de canteiro esteve e continua presente:
António Carrão (faleceu aos 83anos)
https://tomarnarede.pt/destaque/morreu-um-dos-ultimos-canteiros/#google_vignette


Na Pedreira ainda existe uma Oficina de Cantaria que pertence ao Luís Rodrigo e seu irmão Rui
https://convergenciasarte.wordpress.com/sitios-da-pedra-i-sitios-e-gentes/

Na Pedreira encontramos a arte da cantaria em algumas habitações:


Fotografia: Cristina Henriques 2023

Fotografia: Cristina Henriques 2023


Do lado de Além da Ribeira temos os seguintes locais de extração de pedra:

A pedra destes dois locais (murtinhal e barreirão - extração junto ao ribeiro até ao lagar do Pereiro) era transportada em 2 carroças, e era aparelhada no estacionamento junto ao agora café do Prado.
Murtinhal - Fotografia: Cristina Henriques 2014
Barreirão - Fotografia: Cristina Henriques 2014

Do barreirão saia um carro puxado por 4 bois, sendo descarregada junto à antiga casa que servia de escola (cruzamento da rua dos Fetais e da rua da Igreja), depois iam buscar outra meia carrada e assim desta forma ficava completa a carga. 
A filha do balseiro (Cecília que mora na zona de Lisboa) tirou de lá pedra com os bois e o seu avô (pai do balseiro) que era cego fez o mesmo, através da apalpação conseguia saber quando a carrada estava completa.
Nesta zona só os acabamentos da pedra que era para aplicar na zona era aparelhada no local, caso contrário ia para o Prado
Cerca de 1935 já pessoal da Pedreira tirava daqui pedra, vindo pela zona das Lapas, atravessando o rio, onde hoje o ribeiro entra no rio. Mais tarde o "xico cigano" do Fetal de Baixo (avô da Cristina Cacho) e o Luís Perdigoto que mais tarde morou na Póvoa é que passaram a controlar as pedreiras.
Chegou a haver também uma barraquita de acabamentos e também extração de pedra na rua do Carqueijal (vale). 
Houve mais dois locais de extração, uma perto da rua da Bela Vista (traseiras da habitação da Cabeleireira - D. Custódia - Vale Venteiro), a outra depois na rua do Vale das Aroeiras a caminho da Igreja e que chegava ao ribeiro.
Destas pedreiras saiu pedra para fazer muitas levadas existentes na zona, para a Escola do Fetal, para a Barragem do Castelo de Bode e para o edifício da Caixa Geral de Depósitos onde agora funciona a Divisão da Educação e Ação Social da Câmara Municipal de Tomar.
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Vista_aproximada_para_Edif%C3%ADcio_da_Caixa_Geral_de_Dep%C3%B3sitos,_CGD,_de_Tomar.jpg

Cerca do ano de 1960 a exploração parou porque passou a ser mais rentável a pedra vir da zona de Fátima.
Informação recolhida e cedida por Hilário Guia.


 


 



quinta-feira, 2 de maio de 2024

Tabuleiro - Flor - Ibisco (outras cores)

 

Moldes da Flor do Ibisco

Tabuleiro de Ibiscos

Flor do Ibisco em Papel

Flor do Ibisco em Papel

Tabuleiro de Ibiscos

https://ciprest.blogspot.com/2017/06/hibisco-branco-de-flores-grandes-com.html

https://sabordefazenda.com.br/panc/tipos-de-hibiscos/

"Algumas mãos dos tabuleiros"







quinta-feira, 18 de abril de 2024

Profissões_Cerâmica Vales Silva & Silva

 

A telha Marselha, de origem francesa, constitui um dos formatos tipicamente usados no nosso país.

Nos Vales existe ainda vestígios da antiga cerâmica.


Coordenadas: N 39˚40.917’ W 008˚24.381’
Localização/Descrição: Junto ao Lagar dos Vales, antiga cerâmica de telha, fechou em 1955.
Novembro 2014 - Boca do Forno

Novembro 2014 - Telha da cerâmica (Telha Marselha)


Novembro 2014 - Parede virada a Este

terça-feira, 16 de abril de 2024

Tabuleiro - Flor - Ibisco


Moldes da Flor do Ibisco

Flor do Ibisco em Papel

Tabuleiro de Ibiscos


Imagem de Ibisco ao natural
https://www.alamy.es/imagenes/hibisco-morado.html?sortBy=relevant

"Algumas mãos dos tabuleiros"


domingo, 7 de abril de 2024

Moinhos do Prado - Dia Nacional dos Moinhos

 

Hoje dia 07 de abril de 2024 comemora-se o Dia Nacional dos Moinhos

A publicação que faço é minha intenção lembrar que antes da existência da Fábrica de Papel do Prado, funcionou um engenho de balas e antes deste moinhos de produção de farinha.

Ainda existem vestígios desse passado. Fotografias partilhadas no Facebook são prova disso

De seguida transcrevo excertos que fazem referência aos moinhos do Prado retirados de alguns Anais do Município de  Tomar e do livro História de Tomar Vol.I de Amorim Rosa 

-Herdade dos Moinhos do Prado – Mestre do templo – Comendador e Alcaide de Tomar

Carta de doação à ordem do Templo de uma herdade aonde se chama Moinhos do Prado:

«em nome de Deus notificamos aos presentes e aos futuros que eu, Don Ooiro, de acordo com a minha mulher Toda Mendes, temente de Deus, por nossa morte damos a Deus e à Casa do templo, toda a nossa herdade tal como a havemos vista, nos Moinhos do Prado.

E Dona Toda ficará com o uso fruto depois da morte de Don Ooiro.

Igualmente ficam os freires os moinhos da moenga.

Para confirmar este facto estiveram presentes ...D. Tomás fez. Feita no mês de fevereiro de 1217 (1179).

Em fevereiro de 1179, D. Ooiro doou à Ordem do Templo a sua herdade dos Moinhos do Prado reservando o usufruto para sua mulher D. Toda Mendes. Era então o comendador de Portugal D. Frei Raimundo, e de Tomar D.  Frei Martinho Formarigo. (Rosa, 1965)

Foi mandado fazer pelo Comendador de Portugal, D. Raimundo, e pelo Comendador de Tomar, D. Martinho Formarigo, e seu capelão D. Luís Martins.

Quem falseie seja excomungado com vida e, depois , precipitado no inferno.

Testemunhas: Pedro Gonçalves, presbítero; Gonçalo Dias; Pedro Mendes, etc. Pág. 48 

 IV – Comenda do Prado

Essa Comenda haja moinhos do Prado que são 6 e uma sede para moinho

A horta e o olival que valem  600 libras

Idem os casais que hi são feitos de Aquém e Além do Rio

Idem as caas de morada desse logar ..

»»Adega da Várzea Pequena que se chama «do Prado»

»» a vinha que tem Porto Carreiro

Do prado, já sabemos que foi doado em Fevereiro de 1217 ( 1179 da nossa era), e consta que os moinhos datam do primeiro procurador do Templo em Portugal, o que me parece um tanto duvidoso pois remontá-los-ia à segunda ou terceira década do Século XII, em que o Prado ainda estava nas «terras de ninguém», embora afastado das «penetrantes principais». Pág 67 (Rosa, 1965)

IV – Comenda do Prado                                                                                                                  

Esta comenda haja os moinhos desse lugar que son seis moynhos em huã casa h~u sede para moynho seo hos que serem fazer cá a orta, o olival desse logo, que valem de renda   900£. (pág 66 (Rosa, 1965))

Os 4 casais que hy afectos que 3 aquém e hum além do Rio. Idem as casas de morada desse logo. Idem a Adega de Várzea Pequena que chamam do Prado. Idem nas Avessadas as vinhas do Quarto. Idem a vinha que tem Portocarreyro (porto de cavaleiros?) com as oliveiras. Idem umas poucas oliveiras que jazem a soan desse ponto. Idem o olival que tem Lourenço Martins e Domingos Pires e seus filhos da Atalaya.

Idem as oliveiras que tem d Alvegaria de S. Pedro.

Fonte: Rosa, A. (1965). História de Tomar I. Tomar: Gabinete de Estudos Tomarenses.

1504 – muito antes de incorporada a Comenda do Prado no Convento, a quando da visitação de 1504, se encontrou ali erigido, por ordem régia, um engenho de balas, junto ao moinhos, o qual andava com a água da levada deles, sem que se satisfizesse ao Convento o terreno do dito engenho.

Fonte: ANAIS DO MUNICIPIO DE TOMAR 1454-1580

Pág 52 (Rosa, 1965)

I)                    Ferrarias

2) As do Prado

Não sabemos quando os velhos moinhos foram substituídos, em parte, pela Fábrica das Balas. A primeira referência a esta, vem na Corografia Portuguesa do Padre António Carvalho da Costa, e é referente a 1701.

Fonte: ANAIS DO MUNICIPIO DE TOMAR 1581-1700

1835 – o diário do Governo nº256, de 30 de outubro, manda por em hasta pública, em 23 de janeiro de 1836, os seguintes bens da Ordem de Cristo: Os Moinhos do Prado, de fazer farinha, que constam de 3 casas, uma das quais serve de cavalariça, e outras duas de residência dos moleiros, com duas hortas pequenas, uma várzea e terras de pão. Tem 5 pedras, 2 de azenha e 3 de rodizio, sendo 3 alveiras e 2 secundeiras. Partem de todos os lados com terras pertencentes ao extinto convento. Vai à praça em 2435$00

Fonte: Pág. 430 ANAIS DO MUNICIPIO DE TOMAR 1801-1839

 







quinta-feira, 29 de junho de 2023

Armação Tradicional de "O Tabuleiro"

 Encontrei em casa este "manual" de instruções (não sei em que ano foi dado), o mordomo da festa era (pelo que percebi) João dos Santos Simões









Apontamentos tirados aquando da Oficina realizada a 06 de maio na Pedreira:


Instruções do Formador Gabriel Araújo:

- Estende-se o pão numa mesa de forma a ficarem os mais gordinhos ao meio e com o mesmo tamanho de forma a que o total tenha a mesma altura (são divididos por cinco filas);
- Antes de colocar a cana no cesto, deverá utilizar um pau mais rijo para ajudar a colocar a cana e esta deverá ter a ponta arredondada para não estragar o vime do cesto;
- Cortar a cana abaixo do nó, também se poderá usar uma lixa na cana;
- Antes de se colocar o pão nas canas do tabuleiro, deve-se furar com um pequeno pau;
- Ao colocar o pão na cana, este deve ser acompanhado com o dedo, desta forma ficará mais justinho à cana. Se deixar cair o pão à vontade, este vai perder mais migalhas, logo ficará mais bambo;
- A cana deverá ser arredondada (ficar com barriga) de forma a fazer cintura de forma a no final ficar mais direitinho;
- Colocar um arame acima do 3º pão (cinta de cordel ou arame normal);
-A coroa não deve ser furada e utiliza-se arame amarelo/dourado;
- Nas hastes arame verde;
- As canas ficam na direção das "linhas" da coroa, apertadas com arame dourado, de dentro para fora e aperta-se por dentro;
- Travamento feito pão a pão, fazemos 3 a 3, de baixo para cima (pão fresco);
- O tempo a armar o tabuleiro será de 2h30m
- Depois de secar fazer um último ajuste, devendo cortar a cana que sobra junto à coroa.



Fotos da oficina realizada a 06 de maio de 2023:







Fotos de montagem das hastes da oficina e de algumas sextas e sábados:

Os lírios feitos durante a formação às sextas-feiras

Ortências