quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

As rodas hidráulicas no rio Nabão - Além da Ribeira e Pedreira


As rodas hidráulicas que “enxameavam” o rio faziam elevar a água para a irrigação dos campos e forneciam, através da água represada nos açudes, e depois encaminhada e regulada até ao engenho, a força motriz necessária para a moagem do grão em farinha.

Roda perto do Sobreirinho - 2020
Roda perto do Sobreirinho - 2020


Roda perto do Sobreirinho - 2020
Roda perto do Sobreirinho - 2020

Por detrás dos "modelos" podemos ver ainda uma antiga roda junto ao Sobreirinho.




Estas rodas, de construção bastante sólida, eram semelhantes à das azenhas aparecendo umas e outras associadas; a água que corria pelo mesmo canal ou gola movia os dois aparelhos.

Fotografia publicada no facebook pelo Sr. Hilário Guia
(não há certeza do ano)

Localização da roda na antiga fábrica do Sobreirinho - 2013
Localização da roda na antiga fábrica do Sobreirinho - 2013


O fabrico destas rodas exigia a mão de carpinteiros especializados, os quais utilizavam para a sua construção o pinheiro (manso e bravo) e o carvalho (raramente se serviam do ferro).

O suporte da roda ou burra era de pinheiro manso, passando posteriormente a ser de alvenaria; o restante, à exceção do eixo que era feito em madeira de carvalho, era de pinheiro bravo.

Suporte Roda em frente Fonte do Caldeirão - 2021
Suporte Roda Hidráulica em frente da Fonte do Caldeirão - 2021

Os alcatruzes presos aos arcos da roda, eram de barro ou de folha. Estes engenhos associavam-se, algumas vezes a azenhas, apresentando sistemas ou dispositivos especiais que visavam responder às condições criadas pela diferença de nível das águas do rio Nabão e das ribeiras suas tributárias, registada no verão e no inverno. Estão neste caso os moinhos e as azenhas de roda vertical.

Por outro lado, a construção e a orientação destes engenhos perto das margens de rios que apresentavam um grande caudal no período das chuvas, obedeciam a dispositivos arquitetónicos de segurança dos próprios edifícios, assim, a sua destruição pela violência das águas. Estas construções tinham habitualmente a fachada orientada para montante, em forma de quebramares de pedra, ora aguçados em esquina, ora arredondados.

 

Texto retirado de: Câmara Municipal de Tomar. (outubro de 1992). Boletim Cultural da Câmara Municipal de Tomar nº17. O rio, as rodas e os açudes, pp. 45-47.

Localizações de outras rodas existentes na freguesia de Além da Ribeira e Pedreira com testemunhos através do facebook:

Nas hortas perto do Prado a roda do Joaquim Correia outra nas hortas no caldeirão era do José Neto e a fonte do caldeirão. Informação da D. Ilda Henriques (Pedreira)
O meu bisavô - José Graça nascido em 1879 (Sérgio Lopes) tinha uma roda destas no Porto Compadre, para fazer movimentar o moinho de que era proprietário. O meu pai ajudava na distribuição da farinha pelos fregueses. Nas ruínas que lá estão dá para ver onde encaixava a roda. Nota-se também que o rio vai sempre escavando o seu leito, já desceu uns metros em relação à época do moinho.


1884 – Sebastião Marques, da Fervença, tinha uma roda de regar entre as Lapas e Porto de Cavaleiros e estava a construir um canal de alvenaria, ao que parece para construir um moinho;

Segue duas fotografias do Moinho Velho ou Moinho do Alfaiate (a meio caminho entre Porto Cavaleiros e as Lapas - margem esquerda do rio) tiradas pelo Sérgio Lopes, onde se vê bem o «pescoço do eixo» assente na «chumaceira»
Foto de Sérgio Lopes - abril2022

Foto de Sérgio Lopes - abril2022



Fotografias: Nuno Ferreira

Segue-se desenhos com pormenores e legendas da Roda de Santa Cita - Tomar, retirados do site:  https://books.openedition.org/etnograficapress/6158







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