As rodas hidráulicas que “enxameavam” o rio faziam elevar a água para a irrigação dos campos e forneciam, através da água represada nos açudes, e depois encaminhada e regulada até ao engenho, a força motriz necessária para a moagem do grão em farinha.
Estas rodas, de construção
bastante sólida, eram semelhantes à das azenhas aparecendo umas e outras
associadas; a água que corria pelo mesmo canal ou gola movia os dois aparelhos.
O fabrico destas rodas exigia a
mão de carpinteiros especializados, os quais utilizavam para a sua construção o
pinheiro (manso e bravo) e o carvalho (raramente se serviam do ferro).
O suporte da roda ou burra era de
pinheiro manso, passando posteriormente a ser de alvenaria; o restante, à
exceção do eixo que era feito em madeira de carvalho, era de pinheiro bravo.
Os alcatruzes presos aos arcos da
roda, eram de barro ou de folha. Estes engenhos associavam-se, algumas vezes a azenhas,
apresentando sistemas ou dispositivos especiais que visavam responder às
condições criadas pela diferença de nível das águas do rio Nabão e das ribeiras
suas tributárias, registada no verão e no inverno. Estão neste caso os moinhos
e as azenhas de roda vertical.
Por outro lado, a construção e a
orientação destes engenhos perto das margens de rios que apresentavam um grande
caudal no período das chuvas, obedeciam a dispositivos arquitetónicos de
segurança dos próprios edifícios, assim, a sua destruição pela violência das
águas. Estas construções tinham habitualmente a fachada orientada para
montante, em forma de quebramares de pedra, ora aguçados em esquina, ora
arredondados.
Texto retirado de: Câmara Municipal de Tomar. (outubro de 1992). Boletim
Cultural da Câmara Municipal de Tomar nº17. O rio, as rodas e os açudes,
pp. 45-47.
Localizações
de outras rodas existentes na freguesia de Além da Ribeira e Pedreira com
testemunhos através do facebook:
O meu bisavô - José Graça nascido em 1879 (Sérgio Lopes) tinha uma roda destas no Porto Compadre, para fazer movimentar o moinho de que era proprietário. O meu pai ajudava na distribuição da farinha pelos fregueses. Nas ruínas que lá estão dá para ver onde encaixava a roda. Nota-se também que o rio vai sempre escavando o seu leito, já desceu uns metros em relação à época do moinho.
Fotografias: Nuno Ferreira
Segue-se desenhos com pormenores e legendas da Roda de Santa Cita - Tomar, retirados do site: https://books.openedition.org/etnograficapress/6158
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