sexta-feira, 10 de abril de 2020

As Ferrarias do Prado - Tomar

     

"Restauração. A Tenência
A revolução de 1 de Dezembro de 1640 e a restauração da monarquia portuguesa levariam forçosamente à guerra com a Espanha. Seguiu-se um período de actividade febril para preparar o país para esta contingência. Ainda em 1640 foram criados o Conselho de Guerra e a Tenência-Geral de Artilharia; esta tinha por funções o alistamento, instrução e jurisdição sobre os “artilheiros de nómina” destinados ao serviço nas praças, fortalezas e navios; e a aquisição, conservação e distribuição de todo o material de guerra. Instalada nas Tercenas da Porta da Cruz, era dirigida pelo Tenente-General de Artilharia (um civil, embora pareça estranho) e ficou na dependência da Junta dos Três Estados, criada em 1641, para superintender na “administração financeira da guerra”, o que incluía o pagamento dos soldos e o financiamento para uniformes, munições, fortificações e outras despesas.
A Tenência teve de importar grandes quantidades de armas ligeiras e de artilharia, dado o estado em que se encontravam as unidades e os depósitos. Logo no início de 1641, “o monarca fez prover a fronteira do Alentejo com milhares de arcabuzes e mosquetes e 100 quintais de pólvora”[24].
As indústrias militares foram adaptadas para as nossas necessidades; foram criadas novas fundições no Prado (Tomar) e em Machuca (Figueiró dos Vinhos), áreas de minérios de ferro; e estabelecidas oficinas de armas no Porto, Braga, Ponte de Lima e Guimarães." 1


"Muito antes de incorporada a Comenda do Prado no Convento, (1536), aquando da Visitação de 1504, se encontrou ali erigido, por ordem Régia, um Engenho de Balas, junto dos Moinhos, o qual andava com água da levada deles, sem que se satisfazesse ao Convento os terrenos do dito novo Engenho.
          Duarte Leão, falecido em 1608, no seu livro Descrição do Reino de Portugal, diz-se: «Tirar-se-ia muito ferro da Vila de Tomar, se quizessem: por agora já estão começados os trabalhos e Engenho no Rio dela».
          Em 1618, foi dado Regimento aos Superintendentes das Ferrarias do Prado (Prado) e da Maxuca (Ribeira de Alge, a uma légua de Figueiró dos Vinhos).

          Em 28 de dezembro de 1640, foi criada  a «Tenência» que tinha a seu cargo as Ferrarias. O seu chefe era o Tenente-General da Artilharia do Reino.
          Em 20 de janeiro de 1641, Reis Correia Lucas, Tenente-General de Artilharia do Exército, propês que se mandassem continuar os trabalhos das Ferrarias de Tomar (Prado), que estavam a trabalhar a metade por falta de ferro.
          Em 8 de agosto de 1648, foram contratados operários franceses para as Ferrarias: eram fundidores especializados, para fundir balas, granadas, etc.
          Por despacho de 18 de novembro de 1654 manifesta a conveniência de ampliar os trabalhos, e diz que o «ferro de Tomar e Figueiró é de particular qualidade».
          Em 30 de janeiro de 1655, Francisco Dufour foi nomeado Tenente-General da Artilharia do Alentejo «em razão dos conhecimentos que havia demonstrado nas Ferrarias de Tomar e Figueiró dos Vinhos que continuou a superintender.
          Nesse mesmo ano, o Padre Manuel Severim de Faria, no seu livro Notícias de Portugal, diz que o ferro de Tomar é o melhor do Mundo; dele se costumam fabricar as espingardas mais estimadas de todos os Príncipes.
         O Corregedor da Comarca de Tomar, Dr. Diogo Marchão Temudo, quando em 1657 Francisco Dufour foi  a França, contratar operários especializados, ficou interinamente Superintendente das Ferrarias.
         Em 1662, Francisco Dufour fez vários eventos bélicos, como um fornilho contra sitiantes, um salcichão (que valia como 50 granadas juntas) e as granadas encaixotadas, de grande efeito explosivo e incendiário.
         Em 1663, foi nomeado Comissário Geral da Artilharia do Alentejo.
         O Tenente-General da Artilharia do Reino, Manuel de Andrade diz, nesse ano: «Nas Ferrarias de Tomar se lavram, estando delas encarregado Francisco Dufour, muitas balas, bombas, de fogo, apetrechos de guerra».
         Por Alvará de 15 de abril de 1663, foi nomeado o Corregedor da Comarca de Tomar «Juiz Privativo e Conservador das Ferrarias», com acção julgar tanto as causas cíveis como comerciais.
         Em 20 de junho de 1667, Pedro Dufour, filho de Francisco Dufour, que desempenhava as funções de Tenente-General da Artilharia do Minho, foi encarregado das Ferrarias na ausência do pai, em diligência pelo Algarve. Tendo este falecido durante esta missão, Pedro Dufour foi nomeado Superintendente das Ferrarias de Tomar e Figueiró dos Vinhos (S.Lourenço, Prado, Maxuca e Ribeira de Alge).


imagem de: http://www.mediotejo.net/tomar-intervencao-no-acude-das-ferrarias-pode-provocar-demoras-no-transito/ 10 de abril de 2020

         Em 16 de dezembro de 1678, Pedro Dufour tomou conta, por 6 anos, das Ferrarias de Tomar e Figueiró dos Vinhos, devendo fundir artilharia dos calibres 4'' e 8'' (respetivamente 10,16 cm e 20,32 cm, a 2$400 por quintal, além de balas, bombas e granadas).
          Depois de Pedro Dufour, em 1684, a administração das Ferrarias passou para o Corregedor da Comarca de Tomar, a que se considerou anexa a sua Superintendência.
          Pelo Regimento de 2 de abril de 1688 as Ferrarias voltaram a trabalhar por conta do Estado.
Segundo o Regulamento das Ferrarias de 1692, os empregados menores eram: almoxarife, escrivão, feitor e meirinho.
          Em 11 de junho de 1692, foram demarcados os Distritos das Ferrarias de Tomar e Figueiró dos Vinhos.
          Os limites de Tomar eram: Tancos, Atalaia, Ourém, Ceiça, Pias, Ferreira e Dornes; seguia então o Zêzere até à sua confluência com o Tejo, e este até Tancos.
          Por Alvará de maio de 1699, foram renovados os privilégios dos indivíduos que serviam nas Ferrarias de Tomar e Figueiró dos Vinhos.
          Por contrato de 19 de fevereiro de 1701, Francisco de Sousa Anes obrigava-se a fabricar no Engenho do Prado, até ao ao fim de junho 1705, 2.000 bombas e 2.000 granadas.
          Por Alvará de 14 de junho de 1703, foram renovados os privilégios dos indivíduos que serviam nas Ferrarias de Tomar e Figueiró dos Vinhos.
          Em 1707, funcionavam as Ferrarias de Tomar.
          Em 8 de outubro de 1710, era  Conservador das Ferrarias de Tomar e Desembargador Dr. João Nunes Coronel.
          Em 19 de junho de 1719, foi mandado separar os cargos de Intendente das Ferrarias e Corregedor da Comarca de Tomar. O Desembargador Dr. João Nunes Coronel optou pelo cargo de Intendente das Ferrarias.
          Em 4 de outubro de 1720, foi renovado por dois anos e meio o ofício de Almoxarife das Ferrarias de Tomar a Domingos Pinto da Silva, que o servira por 6 meses.
          Em 1727, João Coronel, filho do Desembargador Dr. João Nunes Coronel, sucedeu a seu pai na Superintendência das Ferrarias de Tomar e Figueiró dos Vinhos.
ferrarias web1
imagem de: http://www.cm-figueirodosvinhos.pt/index.php/descobrir2/patrimonio-e-cultura/ferrarias-foz-de-alge 10 de abril de 2020

          Em 5 de agosto de 1730, foi nomeado Superintendente das Ferrarias de Tomar o Dr. Silvestre de Morais Pimentel, Provedor da Comarca de Tomar.
          Em 1732 foi nomeado Superintendente das Ferrarias de Tomar e Figueiró dos Vinhos o Dr. João de Sousa Mexia, que ainda o era em 1734.
          Por Decreto de 1 de setembro 1741, foi nomeado Superintendente das Ferrarias de Tomar e Figueiró dos Vinhos, Bento de Moura Portugal.
          Por estarem arruinadas forma, por Decreto de 7 de Fevereiro de 1750, e Provisão de 18 de fevereiro de 1750, mandadas entregar ao Convento de Cristo.
         O convento pedira-as, alegando haver o dito Engenho e Casas sido edificadas em terras que lhe pertenciam, assim como lhe pertenciam as águas em que o Engenho trabalhava. Mas essa entrega nunca se fez.
         As Ferrarias de Tomar (Prado e S.Lourenço) e as de Figueiró dos Vinhos (Maxuca e Ribeira de Alge), foram fechadas em 10 de outubro de 1761 «em razão de nenhum proveito delas se tirar».
         Foi seu último Almoxarife Francisco Dias de Sousa.
         As Ferrarias de Tomar foram mais uma vez abolidas por resolução de 23 de fevereiro de 1778, «por se não ter há muito fabricado nelas peças de artilharia».
         Em 12 de maio de 1782, foi nomeado seu Superintendente Bartolomeu da Costa.
         Em 1802, foi reorganizada a Intendência, foram entregues todos os terrenos ao Intendente Geral das Minas, José Bonifácio de Andrade. Foram empregados nas Ferrarias os ingleses Hayson Wright, inspector: George Mathews, feitor: e os mineiros William Reeffe e August Boebert.
         Por Alvará de 30 de janeiro de 1802, as Ferrarias do Prado foram anexadas às Ferrarias da Foz de Alge.
         Em 1803 chegaram a Portugal, com destino às Ferrarias, Guilherme d'Eswege, Luís Varnagen e João Martinho Stieffel, da Alemanha.
        As Ferrarias de Tomar foram reativads em abril de 1809, por ordem do General William Karr Beresford, que junto delas criou «o Trem da Artilharia do Exército».
        Em outubro de 1810, foram ocupados pelos invasores franceses. Mas em Março de de 1811, o Marcehal Miguel Ney, comandante do VI Corpo do Exército que constituíam a Guarda da Retaguarda do Exército Francês de André Messena, manda-as arrasar e destruir.
       Em 28 de janeiro de 1812, os donos da Fábrica de Fiação requerem para fazer moengas de grão e de azeite neste local, e o aforamento do Prado. Mas o governo não concordou.
      E em 25 de abril de 1823, a Intendência Geral de Minas vendeu o sítio das desmanteladas Ferrarias do Prado a Francisco de Roure."2

imagem de: https://aldeiasdoxisto.pt/percurso/4467 10 de abril de 2020

Nota. Transcrição total de ..., não tenho momento referência qual a fonte pois tirei a informação há já alguns anos e não apontei a referência bibliográfica, logo que possa irei pesquisar na biblioteca (pois foi lá de certeza que tirei esta informação).
Fonte:
1 - https://www.revistamilitar.pt/artigo/528

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Os moinhos do Prado - Tomar

        "São os mais antigos do Isento de que temos documentação;
        Em fevereiro de 1179, 19 anos após a fundação de Tomar, D.Soeiro e sua mulher D. Toda Mendes, legaram à casa do Templo toda a sua herdade e moinhos do Prado. ficaram também aos Frades os moinhos da moenga. era então Comendador e Alacide-Mor de Tomar Frei D. Martinho Formárigo.
        Depois, em 1326, o Regimento de Frei D.João Lourenço cria (ou renova) a Comenda do Prado, com a renda de 800 libras.
        Um ano depois, 10 de setembro de 1327, o «ROL DOS BENS QUE PASSARAM A ORDEM DE CRISTO» cita esta Comenda, dizendo «haja os moinhos que são seis e o olival».
        Em 7 de setembro de 1536, vaga a Comenda do Prado por falecimento do Comendador Frei D. António de Noronha, Conde de Linhares, el-rei D. João III deu-a ao Convento, que a arrendou.
        Desde S.João de 1603 ao S.João de 1605, os lagares e azenhas do Prado estiveram arrematadas pelo Convento a João Rodrigues, morador em Tomar.
        Deste último S.João ao de 1607, esteve arrendada a António Dias, do Sobral, Manuel Dias, das Olalhas, e Baltazar Dias, do Alqueidão.
        Em 28 de Maio de 1730, o Convento arrendou os moinhos do Prado a Manuel Gonçalves, do Casal da Azenheira.
        Em 31 de Agosto de 1732 e em 1734, o Dom Prior arrendou-os por dezasseis móios e meio, sendo 7 de trigo e 9 e meio de segunda.
        Em 1 de julho de 1767 foram arrematados por 3 anos a Francisco de Novais, do Marmeleiro.
        Em 1 de setembro de 1818 os moinhos do Prado foram arrendados por 8 anos.
        Depois, em 1835, foram extintas as Ordens Religiosas, e no ano seguinte era o Convento autorizado a pôr em praça os seus bens.
        E pelo Diário do Governo nº 48 de 13 de março de 1836 lá foram os moinhos à Praça:
«Prédio nº1450; lagar de Azeite do Prado; consta de uma vara e 5 varas com caldeira grande, e parte pelos respetivos lados com terras do Convento.
Valor ................................................................................640$000
Prédio 329: Moinhos do Prado, de fazer farinha, que constam de 3 casas, uma das quais serve de cavalariça, e as outras 3 de residência dos moleiros, com 2 hortas pequenas, com várzea e terras de pão; tem 5 pedras, 2 de azenha e 3 de rodízios; sendo 3 alveiras e 2 secundeiras; parte de todos os lados com terras pertencentes ao extinto Convento.
Valor ...............................................................................2.435$000
Foram arrematadas, respetivamente em 11 de agosto e 6 de abril de 1836.
Foram para às mãos de Francisco de Roure."

Nota. Transcrição total de ..., não tenho momento referência qual a fonte pois tirei a informação há já alguns anos e não apontei a referência bibliográfica, logo que possa irei pesquisar na biblioteca (pois foi lá de certeza que tirei esta informação).


fotografia de: http://www.mediotejo.net/tomar-fabrica-prado-karton-vai-a-leilao-em-dezembro/2020

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

O Terramoto de 1755

Ao ler o livro Ribatejo Histórico Monumental deparei-me com um assunto, do qual nunca tinha prestado a devida atenção, mas agora (se calhar por ter sentido o sismo de Arraiolos há bem pouco tempo) achei interessante partilhar este dado sobre a minha terra natal. Mas vai além deste facto, e que é também interessante, é ter havido na época um inquérito ordenado pelo Marquês de Pombal, numa pesquisa online encontrei também um blogue com a totalidade das perguntas feitas na altura, e passo a transcrever:

 

"Perante o grau de destruição produzido pelo grande terramoto, as medidas tomadas pelo Marquês de Pombal demonstram a capacidade daquele político e a forma pragmática como encarou a terrível catástrofe. Um inquérito à escala nacional foi por ele determinado. Um formulário com 13 questões foi impresso com elevada tiragem e os exemplares distribuídos pelas paróquias, pois sabia-se ser esta a forma mais expedita de o fazer chegar a todas as partes. Eis as perguntas:

 

1º. – A que horas principiou o terremoto do primeiro de Novembro e que tempo durou?
2º. – Se se percebeu que fosse maior o impulso de uma parte que de outra? Do norte para sul, ou pelo contrário, e se parece que caíram mais ruínas para uma que para outra parte?
3º. – Que número de casas arruinaria em cada freguesia, se havia nela edifícios notáveis, e o estado em que ficaram.
4º. – Que pessoas morreram, se algumas eram distintas?
5º. – Que novidade se viu no mar, as fontes e nos rios?
6º. – Se a maré vazou primeiro, ou encheu, a quantos palmos cresceu mais do ordinário, quantas vezes se percebeu o fluxo, ou refluxo extraordinário e se se reparou, que tempo gastava em baixar a água, e quanto a tornar a encher?
7º. – Se abriu a terra algumas bocas, o que nelas se notou, e se rebentou alguma fonte de novo?
8º. – Que providências se deram imediatamente em cada lugar pelo Eclesiástico, pelos militares e pelos Ministros?
9º. – Que terremotos têm repetido depois do primeiro de Novembro, em que tempo e que dano têm feito?
10º. – Se há memória de que em algum tempo houvesse outro Terremoto e que dano fez em cada lugar?
11º. – Que número de pessoas tem cada Freguesia, declarando, se pode ser, quantas há de cada sexo?
12º. – Se se experimentou alguma falta de mantimentos?
13º. – Se houve incêndio, que tempo durou, e que dano fez?


Extra – Se padeceu alguma ruína no terremoto de 1755 e em quê e se já está reparado.

Considerando a época, dizem os especialistas que este inquérito foi redigido de uma forma notável, procurando com o seu leque de perguntas a obtenção de informações de tipo «macrosísmico» como se faz com as escalas de danos desenvolvidas século e meio mais tarde e que ainda hoje são as que vigoram, tais como a Escala Mercalli Modificada (IMM) ou, a mais recente, a European Macroseismic Scale-98 (EMS-98). O grande geólogo Luís Francisco Pereira de Sousa (1870-1931) usou os dados obtidos pelo inquérito do Marquês para um estudo profundo sobre os danos previsíveis para construções e monumentos. O sismo de 1909 em Benavente, obrigou os sismólogos a estudarem de novo o grande terramoto de 1755." fonte: https://aventar.eu/2010/01/28/o-grande-terramoto-de-1755/

 

O texto seguinte é retirado do livro Ribatejo Histórico Monumental de Francisco Câncio, 1938, pág 249 e 250.

 

“Sobre os Casais ou Casais da Soana, diz a resposta ao inquérito do Marquês de Pombal: Foy o terremoto... das 9 para as 10 horas da manhã duraria oyo ou nove minutos e no mesmo dia ouve mais duos! ...E cahirão sinco cazas em o lugar da Póvoa situada em huma continua penedia lugar de lemitados edifícios que apenas tem algumas cazas com um sobrado como em toda a freguezia, por ser pobre toda ella, ...Em toda a freguesia nao morreo pessoa alguma com o terremoto. E no rio Nabão que devide esta freguezia se vio levantar fora do seu natural mais de oyto palmos nas vizinhanças da milagrosa senhora das Lapas que he da mesma freguezia e suas agoas correrão por alguns dias turvas, como todas as fontes da mesma freguezia. Não houve incêndio. De 1 de Fevereiro de 1756. O Vigário, Frey Patrício Duarte."

 

"Sobre Carregueiros refere o inquérito: O terramoto...principiou pellas novas horas, e tres quatros, e durou oito minutos. «Não se percebeu, que fôsse maior o impulso de huma parte, do que de outra, e não se sabe se cahirão mais ruinas para huma parte que para outra. «Em esta freguezia não houve ruína alguma de cazas, só sim a Igreja desta freguezia, que estava já algum tanto arruinada, se arruinou agora muito mais, tanto que está especada, e incapaz de em ella se celebrarem os officios divinos. «Não morreo de terremotos nesta freguezia alguma. « Em huma fonte desta freguezia se turbou a agua, e parou durante algum tempo a corrente. ....«Nesta freguezia de S. Miguel de Carregueiros tem trezentos e quatro homens de Sacramento e 293 mulheres tãobem de Sacramento. «Tãobem não houve incendio.«De 13 de Fevereiro de 1756. «O Vigário, Francisco Freyre» 

 

O Dicionário geográfico refere que "He aldea do Termo da villa de Tomar na Comarca do mesmo nome=o principal lugar entre os quatro, Pedreira, Prado, S. Simão e Carregueiros, que formão a Parochia de S. Miguel, a quem Lima dá 162 fogos com 645 almas de communhão, aonde porem Cardoso não achou mais de 32 fogos, e nenhum no Portugal sacro. « O Parocho he  vigário da appozentação dos Religiosos Cavaleiros da Ordem de Cristo»"



http://www.travelandtaste.pt/-na-mala/o-terramoto-de-1755-em-video

 

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

As "Buracas" de Casmilo

À muito que ambicionava conhecer este local, já tinha percorrido algumas estradas da serra de sicó com a família, mas agora com a ajuda do geocaching, foi mais fácil lá chegar .. À medida que o tempo passa e cada vez que tenho oportunidade de visitar mais em pedacinho de Portugal, mais me convenço que afinal conheço muito pouco do nosso "pequeno" país.

Enquadramento geral
O maciço de Sicó estende-se desde o concelho de Condeixa-a-Nova até ao de Pombal e Alvaiázere pelas Serras de Condeixa e Sicó.

"Este percurso é uma agradável lição de geomorfologia, pela particular formação do vale, do campo de lapiás e também das dolinas "arranjadas""
Fonte: Percursos na Serra de Sicó -Quercus

dolinas "arranjadas"- Dolina (do esloveno, pequeno vale) é uma depressão no solo característica de relevos cársticos, formada pela dissolução química de rochas calcárias abaixo da superfície. Geralmente possuem formato aproximadamente circular e são mais largas que profundas. Podem ser inundadas por lagoas ou secas e cheias de sedimentos, solo ou vegetação. Quando inundadas e ligadas a uma caverna marinha, são chamadas cenotes (da língua maia dz'onot, sagrado).Wikipédia




Fotografias: Fevereiro2018 - Nuno Ferreira

domingo, 14 de maio de 2017

Quando a água canalizada ainda não chegava a nossas casas?


A torneira abre e lá vem ela "a água", mas nem sempre foi assim, ir à nascente "olho de água" e mergulhar o cântaro, carregá-lo até casa (nascente do Fetal), beber a água dos buracos das pedras (vinda das chuvas), ir à fonte de bica (Fonte do Curto), foi um longo passo até à água canalizada e tratada. É neste contexto que quero dar a conhecer o que temos ainda de recursos naturais/adaptados de abastecimento de água.



Poço do Espargal - 1885?

Poço do Espargal - 1885?


Fonte do Brejo - 1932

Fonte dos Vales - 1956

Fonte do Poço

Nascente do Casal de Baixo 

Fonte da Póvoa - 1841?

Fonte do Brejo - 1958

Nascente do Fetal

Nascente do cairrão

Poço do Povo
Nascente das Lapas

Nascente da ti Júlia

Fonte da Enxofreira - 1889

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Placas Comemorativas - Nossa Senhora da Conceição - Tomar

Câmara Municipal de Tomar (lado esquerdo)

Câmara Municipal de Tomar (lado direito)

Início da Avenida Cândido Madureira em frente ao edifício do Turismo.

Estaus Rua Torres Pinheiro, do lado esquerdo, a rua da Saboaria

A festa da Imaculada Conceição, comemorada em 8 de dezembro, foi definida como uma festa universal em 1476 pelo Papa Sisto IV.
Deve-se ao rei D. João IV o facto de Nossa Senhora da Conceição ter sido proclamada Padroeira de Portugal, por proposta sua, durante as Cortes reunidas em Lisboa desde 28 de Dezembro de 1645 até 16 de Março de 1646, afirmando o soberano «que a Virgem Maria foi concebida sem pecado original» e comprometendo-se a doar em seu nome, em nome de seu filho e dos seus sucessores à Santa Casa da Conceição, em Vila Viçosa, «cinquenta cruzados de oiro em cada ano», como sinal de tributo e vassalagem, a dar continuidade à devoção de D. Afonso Henriques, que tomara a Senhora por advogada pessoal e de seus sucessores.
O ato da proclamação de Nossa Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal, efetuado com a maior solenidade pelo monarca a 25 de Março desse ano (1646), alargou-se a todo o País, com o povo, à noite, a entoar cânticos de júbilo pelas ruas, para celebrar a Conceição imaculada da Virgem, ou, mais precisamente, a Maternidade Divina de Maria. Assim se tornou Nossa Senhora a verdadeira Soberana de Portugal, não voltando por isso, desde aí, nenhum dos nossos reis a ostentar a coroa, direito que passou a pertencer apenas à Excelsa Rainha, Mãe de Deus.
Em 1648 D. João IV manda cunhar moedas de ouro e de prata, tendo numa das faces a imagem da Imaculada Conceição com a legenda Tutelaris Regni – Padroeira do Reino. Em 1654 ordena que sejam postas em todas as portas e entradas das cidades, vilas e lugares do reino pedras lavradas com uma inscrição alusiva à Imaculada Conceição (lápides essas ainda hoje existentes em certos locais).

Fotografias: Nuno Ferreira - Novembro 2012

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Fornos de cal

No território da união de freguesias de Além da Ribeira e Pedreira conhecem-se 6 fornos de cal, todos eles em ruínas (talvez todos do Séc. XVIII?).

Pedra não faltava e por isso era um ótimo recurso para ser explorado. A transformação do calcário nos fornos era para a produção da cal, utilizada na pintura das habitações, cura da vinha (mistura de cal com sulfato de cobre), entre outras utilidades.

A minha avó Maria Emília foi uma das que carregou lenha para o forno de cal no Lameirão.

 

Os fornos estão junto a encostas, envolvidos pela terra (ajudava a manter a temperatura), altos, com uma altura aproximada de 3 metros…

 

A localização dos fornos na sua maioria estão ao lado de caminhos, contudo o porquê da sua localização ainda não é conhecida, se alguém souber?? Permitia a ligação a ??? Estratégia comercial?? Junto a afloramentos rochosos?

Utilização no fabrico do papel?

Temos registos nos Anais de Tomar sobre o preço da cal:

 “A 28 de Outubro de 1749, se deu licença a Manuel Gonçalves e José Nunes, do lugar da Pedreira, para vender cal num forno deste termo.

No dia 11 de Junho de 1751 o Senado da Câmara deu licença a José dos Santos, do lugar de S. Simão, para abrir um forno de cal, grande, e vender um moio dela a 550 réis, e a fanga a 60 réis.

A 22 de Agosto reuniu a Câmara Municipal, que deu licença a José Nunes, morador no lugar da Pedreira, freguesia de S. Miguel, para vender cada moio de cal a 550 réis, e a fanga a 60 réis, e no mais guardará a forma de postura. (Rosa, 1969)

Na Câmara de 8 de Agosto de 1789, taxaram assim os preços da cal:

Moio …….600 réis

Fanga …. 50 réis (Rosa, Anais do Município de Tomar 1771-1800, 1970)

Na Câmara de 8 de Agosto de 1789, taxaram assim os preços da cal:

Moio …….700 réis

Fanga …. 60 réis (Rosa, Anais do Município de Tomar 1771-1800, 1970)

 

Deixo aqui alguns apontamentos sobre a utilização da cal:

“1.6.   APLICAÇÕES NA INDÚSTRIA DO PAPEL

No fabrico da pasta de papel a cal é utilizada para regenerar a soda cáustica. No fabrico de papel utiliza-se a cal para produzir o carbonato de cálcio precipitado (PPC), o consumo específico do carbonato é de 200 Kg/ton de papel, o que significa um consumo de cal correspondente a 112 Kg de cal viva / ton de papel.” http://www.microlime.pt/Aplica%C3%A7%C3%B5esdacal/tabid/244/Default.aspx

 

 

 

“A cal tem várias utilidades; tanto na agricultura para neutralizar os solos ácidos e melhorar as propriedades físicas do solo; como na construção civil, nomeadamente na pintura das casas e para elaboração de argamassas usadas na construção de muros e paredes; na criação de frangos, na proteção contra parasitas; entre outros.”

https://www.geocaching.com/geocache/GC5FE72_antigo-forno-da-cal


Forno de Cal - Lameirão - Dez 2020

Forno de Cal - Carqueijal - Out 2014

Forno de Cal - Entre a Fábrica de Porto de Cavaleiros e S. Simão - Jun 2017

Forno de Cal - Porto Compadre - Out 2014